PESSOAS SAUDÁVEIS


“Como compreender as pessoas” (Larry Crabb)


Pessoas saudáveis desfrutam profundamente de Deus, o que é expresso com explosões ocasionais de êxtase seguidas por longos períodos de serena fidelidade. Suas vidas estão ancoradas nele. Elas sabem que sentiram o toque de Deus em seu ser.
Esse toque as liberta de maneira crescente para se envolverem mais plenamente com as outras pessoas. Elas estão livres para adentrar a vida dos outros. Estão abertas e vulneráveis, sem nenhuma proteção ou defesa, pois não são ameaçadas pela dor da decepção e do conflito que, inevitavelmente, ocorre no envolvimento entre pessoas caídas. A dor inevitável não as leva a recuar atrás dos muros do que é apropriado “farei o que se espera de mim” ou do recuo espiritual “precisamos orar a respeito”. Cristãos amadurecidos não batem em retirada, mas aumentam o nível do seu envolvimento.
Pessoas saudáveis compreendem, de fato, a importância do tempo e da discrição, ao se moverem na direção das pessoas com quem experimentam algum tipo de conflito. E sabem, como santos ainda não glorificados, que seus esforços de envolvimento jamais serão feitos no tempo perfeitamente certo ou com discrição completa. Mas, ainda assim, se movem na direção delas e não para mais longe. Envolvimento, e não recuo é seu estilo de vida. Suas vidas têm um poder silencioso. Sua presença é sentida por algumas pessoas de uma maneira que as leva a querer viver mais nobremente.
Outra realidade é que as pessoas saudáveis experimentam uma alegria contagiante. As pessoas saudáveis se entristecem por saberem que as coisas não são agora como deveriam ser. Todavia, a sua decepção com o mundo não é expressa em zanga. Elas anseiam por um dia melhor, confiantes de que esse dia virá. Mas, enquanto ele não chega, elas seguem gemendo.
As pessoas saudáveis não temem a confusão. Elas já abriram mão de reivindicar sua independência e controle, e, portanto, podem tolerar, e até colher bem, a incerteza. A confusão aprofunda sua vulnerabilidade em ser guiada por alguém que não está confuso. Elas adentram calorosamente sua dependência inerente como seres finitos, definindo fé como a coragem de prosseguir na ausência de clareza. Elas lutam e, às vezes, fracassam. Sentem algumas tentações mais profundamente do que as pessoas menos saudáveis e, de vez em quando, caem. Mas, sabem o que significa arrepender-se do âmago do seu ser, derrubar os ídolos para os quais se voltam em busca de satisfação e voltar ao Deus da vida por intermédio de quem relacionamentos e impacto estão disponíveis.
Pessoas saudáveis não estão livres dos sintomas comuns de problemas emocionais, mas os sintomas não controlam, pelo menos não por muito tempo. Às vezes, elas sentem profunda solidão e sofrimento insuportável e, nessas horas, parece que estão tocando a realidade mais honestamente do que quando se sentem bem. Mas, prosseguem conscientes de uma realidade, ainda a ser aprendida, que substituirá a solidão pela intimidade satisfatória e o sofrimento por pura alegria. Seus estilos de interação com Deus e os outros são tão variados quanto os flocos de neve. Porém, uma coisa todas elas têm em comum: capacidade crescente de ser tocada por Deus e de tocar os outros.
Essa é uma mudança digna de um portador da imagem de Deus. Tenho uma fome por mais desse tipo de vida. Quero mais do que ficar livre de memórias dolorosas e emoções reprimidas. Quero mais do que compreender de como as forças dentro do meu inconsciente foram moldadas na primeira infância. Quero mais do que padrões de comportamento mudados e alívio de sintomas preocupantes. Quero comunidade – comunidade com Deus e com os outros. Anseio por isso, com a intensidade de um cervo ansiando por água.
Entretanto, o que mais quero parece está em escassez. Muitas pessoas têm a capacidade de expressar seus sentimentos e desfrutar certos prazeres na vida, mas muito poucas desfrutam um relacionamento profundo com Deus ou com os outros de uma forma que desperte em mim uma cobiça santa.
Qual é o problema? O que precisa ser feito para atrair a nós e aos outros – todas as pessoas que anseiam por aquilo que Deus supre com abundância – à fonte de tudo o que desejamos? O que está atrapalhando o nosso movimento na direção de Deus?